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ToggleComo tudo começou…
“Decidi fazer direito quando eu tinha 10 anos de idade.”
Longe de ter uma tradição familiar na área jurídica, Yasmim descobriu sua vocação em uma atividade lúdica do colégio: um júri simulado sobre o caso da Princesa e o Sapo.
Ali, a semente da magistratura foi plantada.
“Eu sou a primeira pessoa que foi formada na faculdade na minha família, meus pais são comerciantes […] nós não temos assim um viés acadêmico na família, nem nada, nem ninguém que fosse do direito, mas eu conheci a carreira em algumas atividades do meu colégio e eu já fiquei apaixonada de fato.”
Embora tenha se apaixonado pela advocacia durante os estágios na faculdade, a ponto de ser efetivada como advogada e gestora de um escritório logo após se formar em janeiro de 2016, o sonho de ser juíza falou mais alto.
Yasmim trabalhou até junho de 2017, em uma rotina intensa de audiências, peças e gestão administrativa, mas percebeu que aquela vida era incompatível com os estudos para concursos.
Em meados de 2017, ela tomou uma decisão ousada: vendeu o próprio carro para financiar os estudos e mergulhou de cabeça no projeto que mudaria sua vida.
O início efetivo de sua preparação para concursos começou em janeiro de 2018.
O pontapé inicial para o mundo dos concursos
Em 2018, enquanto se dedicava aos estudos para a magistratura, Yasmim prestou o concurso para servidora do TJSC.
O resultado foi surpreendente e marcado por coincidências que se tornariam uma marca de sua trajetória: foi aprovada em segundo lugar para os cargos de técnico e analista judiciário, na mesma região de Balneário Camboriú.
As posses também ocorreram em datas curiosas, 28 de junho de 2019 e 28 de agosto de 2021, respectivamente.
“Minha vida é cheia de coincidências, eu passei em segundo para técnico e segundo para analista na mesma região […] eu fiquei dois anos como técnica, dois anos como analista.”
Mesmo com a estabilidade de um cargo público, Yasmim não desviou de seu objetivo principal e continuou a intensa rotina de estudos para a magistratura.
Quando as paredes desmoronam: as lições das reprovações
O caminho até a aprovação, no entanto, não foi linear.
Uma experiência marcante de reprovação, aconteceu no concurso TJSP em dezembro de 2018.
Mesmo sem estar totalmente preparada, decidiu fazer uma aposta inteligente: parou dois meses antes e estudou exclusivamente por questões e lei seca, focada na prova objetiva.
O resultado de início, até surpreendeu: ela foi aprovada na primeira fase, exatamente na nota de corte.
Entretanto, Yasmin conta sobre a fragilidade que havia em sua preparação na época, que levou à reprovação na segunda fase.
“Eu fui aprovada muito cedo e sem nenhuma estrutura, então sempre comparo com uma casa: eu não tinha fundação nenhuma na minha casa, mas eu tinha erguido as paredes. Chegou na segunda fase, minhas paredinhas desmoronaram, porque eu não estava pronta para passar por isso.”
Nos anos seguintes, vieram outras reprovações, como: na segunda fase do TJSC em 2019, na primeira fase do TJPR em 2019, e novamente na segunda fase do TJPR em 2021.
Cada queda, porém, serviu como um diagnóstico preciso de suas fraquezas.
Foi o momento de reavaliar a rota, sanar as pendências de conteúdo e fortalecer os alicerces do conhecimento.
O que Yasmim indica para alcançar a aprovação
Yasmim percebeu que precisava de um método mais inteligente e estratégico. A virada de chave veio com a adoção de novas práticas de estudo que se mostraram altamente eficazes:
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Estudo reverso: questões como guia
“O estudo reverso é basicamente você estudar ao contrário. A ordem natural de estudo me parece que é: você estudar por uma fonte doutrinária ou por um curso ou por uma apostila, aquele tema você aprende aquele tema e na sequência você faz questões para fixar para ter certeza que você entendeu. O estudo reverso é justamente o contrário.”
Yasmim explica que, ao fazer questões antes de estudar o tema, o concurseiro identifica quais temas têm maior recorrência e quais são suas fragilidades.
Essa tática funciona especialmente bem quando se repete a banca examinadora, pois é possível perceber tendências e padrões de cobrança.
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Foco inteligente em matérias essenciais
Para o TRF4, Yasmim identificou que Direito Previdenciário era uma matéria de extrema importância, especialmente na região Sul.
Embora tivesse visto a matéria na faculdade de forma superficial, ela nunca havia estudado para concursos.
Foi somente ao se preparar para a prova discursiva que ela se aprofundou no tema.
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Método dos pontos marcados
Yasmim desenvolveu uma técnica simples, mas extremamente eficaz, para identificar os artigos de lei mais cobrados.
“Eu fazia uma questão e eu via que a questão estava cobrando ali o artigo 310 do CPC, eu ia no meu vade mecum físico e fazia um pontinho no artigo 310 do CPC. Daí novamente eu fazia a questão e de novo eu encontrava aquele artigo, eu ia lá fazia outro pontinho. Quando eu estava na semana da prova, ao invés de eu ler todos os artigos do CPC, eu ia lá e só os artigos que tinham pontinhos marcados.”
Essa estratégia de reta final permitia que ela focasse nos artigos de maior relevância, tornando o estudo de emergência mais eficiente.
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Gestão de tempo: treinando sob pressão
“Se a prova era de 5 horas, eu sempre treinava em 4:30 na minha casa […] eu tinha um compromisso comigo mesma […] eu acabava em 4:30. Então na hora dos treinos eu não tinha essa questão de ‘tudo bem, eu estou treinando, então eu vou demorar 6 horas para fazer’, eu sabia que no concurso eu não teria 6 horas.”
Essa disciplina garantia que, no dia da prova, ela tivesse uma margem de segurança para lidar com imprevistos ou questões mais complexas.
O que não deu certo: os erros que atrasaram a aprovação
Com a mesma honestidade, Yasmim aponta os erros que cometeu e que podem servir de alerta para outros concurseiros:
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Estudar sem base sólida
Tentar avançar para fases discursivas sem um alicerce sólido foi o erro mais grave, como aconteceu no TJSP. A metáfora da casa sem fundação ilustra perfeitamente o problema: sem uma base firme, qualquer estrutura desmorona.
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Excesso de material e falta de fidelidade
Yasmim reforça a importância de escolher um bom material e ser fiel a ele até o fim, permitindo que o ciclo de aprendizado e revisão seja efetivo.
O próprio João Mendes trouxe também a sua visão em concordância com a Yasmim.
“Você tem que escolher um material e ficar fiel a ele até o final. Quando a gente fala fiel a ele não é ser, perdão pela expressão, mas não é ser uma mula teimosa. Porque às vezes o material não está legal, você não consegue estudar e fica ali empacado. Óbvio, tem que ter uma margem de alteração. Mas se manter o máximo possível fiel ao material.”
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Negligenciar detalhes: não citar artigos de lei
“Eu não citava por exemplo artigo de lei, era algo que eu demorei duas provas para começar a citar os artigos de lei. Eu citava o conteúdo mas não citava o número.”
Quando ela começou a prestar atenção nesses detalhes, percebeu uma evolução significativa em suas notas.
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Não estudar jurisprudência desde o início
“Eu não tinha ideia da frequência de informativos. […] Eu sabia, óbvio, que os tribunais produzem jurisprudência e onde ela estava, mas eu não tinha conhecimento dessas modalidades organizadas.”
Yasmim só descobriu a importância dos informativos quando começou a estudar para concursos de forma mais estruturada.
O momento em que tudo se encaixou
A prova do TRF4 foi a recompensa por toda a resiliência.
Yasmim descreve a experiência como uma prova em que todas as fases se ajustaram com perfeição.
Desde a primeira fase, em que sentiu que seria aprovada, até a prova oral, tudo conspirou a seu favor.
“Foi muito importante pensar sempre que o meu momento chegaria na hora que fosse adequada e que eu precisaria continuar. […] E a minha prova do TRF4 […] foi uma prova que todas as fases se ajustaram com perfeição. Eu fiz a primeira fase, e eu saí sabendo que eu tinha reprovado, e eu passei.”
Na prova discursiva, uma questão sobre Direito Previdenciário que ela havia estudado na véspera caiu, e ela soube responder com precisão.
“Judicial que nem é um tema muito da magistratura Federal, na minha prova caiu, eu sabia bem porque eu vinha da Estadual, chegou na minha prova oral, a segunda pergunta que o examinador me fez, eu tinha feito para um colega no treino da noite anterior.”
Na prova oral, o ambiente que para muitos é hostil, para ela foi familiar.
Ela havia estudado tanto o perfil dos examinadores que sentia como se já os conhecesse.
Quando o sonho se multiplica
O resultado não poderia ser outro: aprovação em primeiro lugar na Magistratura Federal.
Mas o destino ainda reservava uma última grande coincidência.
Yasmim também foi aprovada no concurso do TJRS, e a posse de ambos os cargos foi marcada para o mesmo dia, 1º de dezembro, com apenas 30 minutos de diferença.
Diante da escolha, ela não teve dúvidas.
“Quando eu tive que decidir em qual tribunal eu tomei a posse, eu não pensei… na verdade eu não tive dúvida, porque a minha vida pareceu me mostrar que o TRF4 era o meu caminho.”
Hoje, está lotada em Joinville, cidade que, em suas brincadeiras, sempre imaginou que tomaria posse, mas nunca achou possível, por ser a terceira maior cidade do país e a maior de Santa Catarina.
Um desfecho perfeito para uma jornada de tantas renúncias e superações.
A mensagem para quem está na luta
Ao final, Yasmim deixa uma mensagem poderosa para quem continua na jornada dos concursos.
“É justo que muito custe o que muito vale.”
Cada hora de estudo, cada renúncia, cada vez que você abre mão de algo para continuar firme, não é uma perda, mas um investimento.
E é esse “custo alto” que torna a sua vitória ainda mais preciosa.
No fundo, não existe injustiça nessa jornada: o concurso exige muito porque ele também entrega muito.
E quando você conquista, ninguém tira isso de você.
Yasmim é um exemplo de que, com estratégia, resiliência e um método inteligente, é possível superar qualquer obstáculo.
Sua história prova que o caminho pode ser longo e cheio de percalços, mas a recompensa é proporcional à dedicação.
As reprovações não definem o concurseiro, mas sim a forma como ele se levanta e ajusta a rota.
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Abraço,
Time Ênfase